Em nove meses de trabalho, tal qual uma gestação, os educadores da rede municipal de Salvador analisaram juntos quase 200 sequências didáticas para os cadernos pedagógicos de Língua Portuguesa e Matemática. Com a conclusão dos materiais destinados a alunos do 1o ao 5o ano do Ensino Fundamental I, o encontro de junho dos Grupos de Trabalho Regionais (GTRs) do Nossa Rede trouxe um apanhado da produção realizada e propôs uma avaliação de todo este percurso.
Nas reuniões que aconteceram em todas as dez regionais de ensino da cidade (Itapuã, Cabula, Subúrbio I, Cajazeiras, Cidade Baixa e Liberdade, Pirajá, Orla, São Caetano, Centro e Subúrbio II), os educadores listaram as transformações promovidas pela chegada dos cadernos nas escolas e também os desafios envolvidos neste processo.
Para a vice-diretora Gilmara Freitas, que participou do encontro na regional do Subúrbio II, realizada no Parque São Bartolomeu, o material produzido pela rede possibilitou que os professores não fiquem mais “presos” aos livros didáticos e invistam em orientações e intervenções didáticas bem direcionadas. A diretora Rosemary Souza concordou com ela. “O professor tem que planejar suas aulas. Não é só chegar na sala de aula e ‘passar folha’ do PNLD [Programa Nacional do Livro Didático]. Criou-se uma cultura de pesquisa”.
“Obra aberta”
Alguns pontos-fortes destacados pelo grupo do Subúrbio II foram a interdisciplinaridade dos cadernos, a possibilidade de que os alunos conheçam a cidade por meio do material e também a ênfase na produção dos estudantes. “Eles estão participando mais das aulas e se sentindo mais valorizados”, disse Sheila Azevedo, coordenadora pedagógica da EM Cidade de Itabuna, em Rio Sena.
Já Nívea Tupinambá, que também é coordenadora pedagógica na EM André Rebouças, destacou a riqueza do processo de produção coletiva e as trocas entre os educadores. “Nestes encontros, a gente sabe que não está caminhando sozinho”. Para ela, os cadernos são como uma “obra aberta”. “Nenhum material vai dar conta de tudo que precisa ser ensinado, isso é fato, mas os cadernos trazem uma mudança na forma de ver os conteúdos e focam na progressão da aprendizagem. As sequências didáticas são cíclicas, não se esgotam, e indicam um olhar generoso para as crianças, que são acolhidas seja qual for sua situação de aprendizagem em que estejam. É possível revisitar os conhecimentos sempre que for necessário”.
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